Ética e Profissionalismo
Autor: Nilson
José Machado
Data: 04/07/2008 |
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Três
são os ingredientes fundamentais da ideia de profissionalismo:
Em
primeiro lugar, um profissional exibe uma imprescindível competência técnica.
Ninguém é profissional sem ter estudado um elenco de disciplinas específicas.
Mas a competência técnica nem de longe é suficiente para caracterizar o
profissionalismo. Ela não distingue, por exemplo, o profissional do mercenário.
O abismo que separa as duas categorias é representado pelos compromissos que
vigem em ambos os casos. O compromisso do mercenário limita-se a quem lhe
fornece a "mercê", ou pagamento, a recompensa pecuniária; um
profissional, no entanto, ao professar sua competência técnica, coloca-a a
serviço do bem público, assumindo compromissos. Tal comprometimento é o
segundo ingrediente da ideia de profissionalismo.
Um
terceiro ingrediente que compõe a ideia de profissionalismo é a
imprescindível auto-regulação do exercício profissional. De fato, o próprio
compromisso público depende essencialmente de tal auto-regulação e, nesse
sentido, as associações de classe desempenham um papel fundamental. De um
verdadeiro profissional, não se pode dizer que suas ações são pautadas
exclusivamente pelos órgãos públicos ou pela competência técnica: sobretudo
no que tange a questões de natureza ética, as associações profissionais
ocupam um lugar de destaque.
Se na
articulação entre o pessoal e o coletivo reside o cerne da ideia de
cidadania, é na administração das relações entre o público e o privado que se
desenha a ideia de profissionalismo. Um verdadeiro profissional, quer
trabalhe numa empresa pública, quer trabalhe numa empresa privada, age
profissionalmente: não é quem lhe paga o salário que determina seu modo de
agir. Um profissional da Educação ou da Saúde não muda seus princípios nem
seu modo de agir em situações-limite, em função do pagamento que recebe, ou
da natureza de seu empregador.
Aí
reside, portanto, a distinção fundamental entre a atuação de um profissional
e o mero desempenho de uma ocupação de qualquer natureza: na existência de
princípios reguladores, de cunho moral, de natureza ética.
A Ética
e a Moral dizem respeito aos valores, às normas de conduta, que expressam
valores e que regulam as ações humanas. Na perspectiva Moral, o fato é o
ponto de partida; é o costume que expressa um valor e que se consolida em uma
norma, a ser seguida por todos. No percurso da Ética, os valores são o ponto de
partida: é um valor que se consubstancia em uma norma para instaurar um fato,
para criar um hábito.
A
atuação de um profissional deve pautar-se necessariamente em um repertório de
valores socialmente acordados, tendo por base princípios fundadores que ultrapassam
em muito a busca do lucro, do benefício pessoal. Em nome de quê um
profissional da Saúde ou da Educação doa-se em ações, plenas de significação,
simbolicamente poderosas, mas em geral, tão distanciadas do poder em sentido
político ou econômico? Pode não ser simples explicitar os princípios que
fundamentam suas ações, mas é absolutamente impossível compreendê-las sem o
recurso à Ética.
Este
texto é parte de um dos capítulos do livro CONHECIMENTO E VALOR (São Paulo,
Editora Moderna, 2004).
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terça-feira, 27 de maio de 2014
PASSOS PARA SER UM BOM PROFISSIONAL
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muito interessante este texto do profissional, pois realmente para ser bom profissional tem que ser ético e moral,excelente o assunto parabéns
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